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Curiosidades​

 

  Como sabemos como começou e porquê o folclore? Como conseguimos saber o que significa o ouro? Ou o porquê de a maioria das mulheres usarem um lenço a cobrir o cabelo? Pois, é aí que queremos chegar. Queremos fazer a procura sobre estes pontos e outros, para dar a conhecer aos leitores, uma vez que tudo é repleto de curiosidades e pormenores.

“Depois de uns dias de férias, voltamos hoje em dia de aniversário!

Hoje o Vir(a) Viana cumpre o seu primeiro aniversário. Muitos Parabéns!!”

Hoje num conceito mais blogueiro decidimos dar o nosso contributo pessoal:

 

Foi assim que há um ano atrás escrevi: Após surgir a ideia do projeto, lançamos hoje, dia 7 de setembro de 2016, a nossa página do facebook e todas as redes sociais às quais nos associamos. Que tudo corra bem. Hoje sinto-me sinceramente concretizada, pelo facto de nos termos desafiado uma à outra a estudar aquilo que nos uniu. Com alguns entraves de escola, trabalho e vidas pessoais, temos tentado imenso trazer sempre contributos novos. Obrigada Mariana pelo desafio! Obrigada Viana por seres tão bonita! E obrigada a todos que nos ajudam e apoiam neste projeto que é um pouco de todos!

No dia 7 de setembro de 2016 começou um projeto no qual estou a adorar participar!  
 

Flávia Cunha

Bem, passou um ano, e o site já tem tanto para contar. Embora para quem está do outro lado seja apenas um meio de aprender uns conhecimentos culturais, para nós é uma forma aliciante de dar a cara pelo que julgamos ser o mais bonito que Portugal tem para nos dar. A nossa cultura.

Decidimos criar algo que nos dá prazer, muitas vezes temos de abdicar que algo para dar vida ao projeto, mas nunca me arrependi.

Este trabalho é transparente e enriquecedor. Deu-me a conhecer a Princesa do Lima e a Flávia, que ao longe, no horizonte, se fundem como ao ser a mesma pessoa.

1 ano de vida, espero pelo 2! Com mais horas dedicadas, mas com o mesmo entusiasmo e dedicação. Parabéns ao site e a nós. Só resulta porque estamos as duas juntas!!

Mariana Teixeira

Secretariado de Propaganda Nacional e o Projeto de Etnografia

  Iniciou-se o Secretariado Nacional de Propaganda (SNP) em 1933, pelo governo de António Oliveira Salazar, onde António Ferro foi eleito como diretor. O objetivo concentrava-se em concretizar uma imagem politicamente eficaz do regime dentro e fora das fronteiras de Portugal.

  Mostras desse trabalho passou por em 1935 se organizar uma exposição de arte popular portuguesa enviada a Genebra, sendo mostrada em Portugal no ano seguinte. Contudo foi no ano impar que se concretizou uma Comissão de Etnografia Nacional com uma função discriminada, ou seja, realizar varias atividades para a “exposição nacional de folclore e etnografia”. António Ferro era um grande apreciador da etnografia, fazendo varias informações sobre o poder da mesma ao nível da cultura nacional, vangloriando por isso a riqueza que exaltou com o seu trabalho no secretariado.

 

  Assim, no ano de 1944, o secretariado vê revista a sua legislação, passando a titular-se de ‘’Secretariado Nacional de Propaganda’’, onde fica descriminado o campo de atuação etnográfica no seio da atividade geral do organismo. Mas, embora algumas entidades tenham enviado pedidos de ajuda para a concretização de grupos folclóricos, nem todos conseguiram realizar o seu pedido, pois a exigência era um valor bastante régio e havia a crítica de que nem toda a gente utilizava a etnografia como educação estética, sendo defraudado o objetivo.

Dia da Espiga

“Se chover na quinta feira de Ascensão, as pedrinhas darão pão”

Provérbio antigo

 

  Popularmente conhecida por “quinta-feira da espiga”. Apanhar a espiga significa colher um ramo de flores campestres, espigas de trigo ou de cevada e raminhos de oliveira, onde os significados de cada uma são diferentes.

  Os ramos com flores significavam amor e alegria, pois a cor transmite alegria; a espiga expressava a existência de pão – comida; o ramo de oliveira simbolizava paz e luz (antigamente o azeite era usado para iluminar). Mesmo que estes ramos não fossem benzidos, eram sagrados, quando apanhados na quinta-feira de ascensão.

Janeiras

Vamos cantar as Janeiras

Vamos Cantar as Janeiras

Por esses quintais adentro vamos

As raparigas solteiras
 

Zeca Afonso

  No cantar das Janeiras é visível a envolvência do espírito popular com a criatividade. Apesar de existirem bastantes diferenças regionais, é uma tradição comum a todo o país. É nesta época mais fria que saem para o caminho vários grupos de homens e mulheres, com um lampião para cantar as Janeiras, entre os quais muitos deles são grupos folclóricos, acompanhados por instrumentos musicais. Estes grupos percorrem as várias ruas e quelhas das freguesias, batendo de porta em porta tocando melodias e entoando quadras com votos de bom ano.
  Com o objetivo de serem bem-recebidos pelos moradores, pediam em troca doces ou vinho, mas por vezes, também recebiam dinheiro, que em algumas regiões eram destinadas à ceia ou festa do grupo, ou então revertiam a favor de santos ou instituições.

Lenda de Viana do Castelo

  Havia uma pequena povoação, na margem direita do rio Lima, chamada de Átrio. Esta tinha uma montanha densa de arvoredo, onde existia uma fortificação de um castro habitado por povos sem nome.         Morava então no Átrio, num modesto casebre, uma linda rapariga chamada Ana, filha de um pescador, e crescida na venda do peixe, sempre com uma cantiga nos lábios, ouvida provavelmente em algum jogral da vizinha Galiza.

  Escutava-a, deliciado, um jovem barqueiro que transportava na corrente do rio até ao Átrio, lavradores e mercadores que vinham comprar o peixe fresco e saboroso. Depois de tanto escutar a harmonia na voz de Ana, e lhe admirar a graça, o rapaz começou a sentir pela rapariga um amor que aumentava a cada dia.

  Confessava aos amigos e companheiros esse amor que nascia. Estes contentes, sorriam sempre que o moço voltava do Átrio e lhe dizia:

   - Vi Ana! Vi Ana!

   Um dia, o barqueiro não se contentou apenas em vê-la e dirigiu-lhe a palavra. A rapariga percebeu o vivo interesse amoroso do rapaz por ela e seu coração retribuiu-lhe esse interesse e amor.

  Não tardou em se realizar a boda entre os dois enamorados. Nos festejos, todos recordavam o seu entusiástico brado:

   - Vi Ana! Vi Ana!

  Este dito foi de imediato adotado pelos pescadores do Átrio que começaram a repeti-lo quando, vindos da faina, se deparavam com o vulto da montanha, as praias, as veigas, as águas lentas do rio e paz das suas casas.

    - Vi Ana! Vi Ana!

  Ao conceder o foral ao povo da foz do Lima, D.Afonso III, extasiado com tanta beleza, substituiu o nome de Átrio pelo de Viana.

António Manuel Couto Viana

“Por certo, alguém lhe revelara aquele brado de amor.

E só amor merece terra tão abençoada!”

  As vindimas eram um dos pontos altos durante todo o ano, era neste evento que todos se juntavam num bom ambiente para podar, no final do Verão ou início do Outono todos preparavam tudo para o derradeiro dia. Combinavam entre os homens qual a melhor data, para estares disponíveis para as outras, sendo que armazenavam o vinho colhido para todo o ano.

 

  Este processo durava todo o ano, acabando na vindima. Em janeiro fazia-se a poda para a formação das uvas que acontecia na primavera, era no verão que ganhavam sabor, aroma e cor, no outono estavam prontas a ser colhidas, ou seja, a vindima.

Vindimas

  Era na vindima que um grupo de pessoas – seja do sexo masculino e feminino -, que durante a manhã apanhavam as uvas, que eram colhidas quer pelas maus ou com uma tesoura apropriada, sendo que a meio da manhã se parava para petiscar o que lhes era servido. Depois de colhidas iam diretamente para o lagar, um sítio fresco e sem sol para conseguir assim não se estragar, enquanto os homens levavam os cestos de viga cheios de uvas, nos seus carros de bois, as mulheres viam as uvas que não eram colhidas, fazendo-o, para armazenar todo o vinho possível. Na hora do almoço existia um almoço bastante prolongado, onde todos falavam e contavam as suas histórias aproveitando o momento para descontrair e confraternizar. Por último acontecia o seu esmagamento, a parte que todos esperavam, os homens abraçavam-se em cima das uvas e de calças arregaçadas cantavam ao mesmo tempo que as pisavam.

 

  Tudo isto era feito com enorme alegria, ao som de uma concertina e cantigas populares, um ambiente divertido e de amizade, no final servia-se petisco que as mulheres faziam, como um lanche ‘’tardio’’.

  Considerada a maior árvore de Natal de toda a Europa, sediada em Viana do Castelo - em Santa Maria Maior, na Avenida 25 de abril, representa um grande ponto turístico nesta altura do ano.

  Com o objetivo de dinamizar a comercialização rural e de transmitir um maior espírito natalício a todos os cidadãos, esta árvore tem mais de 50m de altura e todos os anos é decorada por dois funcionários da Câmara Municipal. A mesma sustenta todos os custos, pois acha importante para a cidade a preservação da tradição.

  Tendo mais de 40 mil lâmpadas, demorada estimadamente duas semanas a ficar totalmente equipada e pronta a mostrar-se a todos.

  O fato de noiva é preto, mas não é exclusivo de noiva, até porque no dia do casamento a mãe desta, madrinha e as outras mulheres vestiam um traje igual. A noiva apenas se distinguia pelo véu (que era branco), as mulheres que a acompanhavam tinham lenço de seda natural com cor.

  A noiva ainda se distinguia mais pelo ramo e pelo lugar da algibeira, normalmente colocada no lado direito, mas no dia do casamento, mudava para o lado esquerdo. Daí surgia o comentário popular “No dia do casamento tudo muda; até muda o lugar da algibeira!”.

 “No dia do casamento tudo muda; até muda o lugar da algibeira!”

  O hábito da mulher cobrir a cabeça vem de tempos antigos, inspirados em véus antigos nasceram os lenços usados pelas mulheres.

  O lenço na cabeça sempre foi uma peça fundamental na indumentária feminina, pois há quem afirme que o uso dos lenços vem do tempo de D. João VI, quando a família real fugiu para o Brasil, a futura rainha, Carlota Joaquina, sofreu uma praga de piolhos e foi obrigada a rapar o cabelo, sendo que mais tarde teve que usar um lenço para tapar a cabeça, tornando isto num hábito para as mulheres.

Lenço da Cabeça

Lenço dos Namorados

  O lenço dos namorados é um pano de linho, que se trazia no bolso ou escondido nos punhos, mais tarde passou a usar-se na algibeira.

  O lenço que as mordomas levavam na mão para segurar a vela ou o ramo de noiva e o lenço que os mordomos usavam no ombro para transportar os andores, tinha especial cuidado e atenção na sua confeção.

  Na desfolhada, por ser algo monótono e cansativo, as pessoas juntavam-se todas para um serão. Ao desfolhar as espigas, para não ser tão entediante, procuravam a espiga vermelha e quem a encontrasse deveria gritar "milho rei" e deviam dar um beijo a toda a gente presente. Durante a desfolhada todos cantavam, e dançavam no final.

Espiga Vermelha

  Os brincos à rainha eram a primeira oferta da madrinha no dia do seu batizado, que mais tarde eram trocados por uns maiores; o colar de contas era a primeira aquisição de ouro por ela feita, pois as contas eram compradas uma a uma resultante da venda de ovos, nas feiras e oferecidos pelos pais; um cordão dado pelo noivo como prenda de noivado; depois para dar boa impressão levava ainda um cordão da mãe e da avó.

O ouro da noiva

As Janeiras são conhecidas por todos nós, como sendo um grupo organizado de pessoas percorrem as casas evocando cânticos alusivos ao nascimento do ‘’Deus menino’’, bem como a visita dos Reis Magos, em que o visitaram oferecendo ouro, incenso e mirra.

Assim, os grupos que cantam as Janeiras, no final da sua prestação são brindados habitualmente com uma mesa recheada, e atualmente com uma oferta monetária.

 

    

 

 

  Esta tradição que é bastante praticada, essencialmente por associações, e num estudo é possível deduzir-se que advêm das próprias ‘’strenas’’ romanas - o que podemos considerar como uma certa estreia, entrada - que na época tinha o objetivo de receber as dádivas, celebrando deuses, pedindo dádivas para o ano que aí vem.

    Também acaba por ser curioso, que no culto pagão o primeiro mês do ano, é o mês do Rei Romano Jano, de Janua, que significa porta, entrada. Na mitologia é descrito como tendo duas caras, mas num sentido figurativo está ligada à ideia de entrada, transição, de um passado e um futuro.

    Em Portugal, na atualidade, continuamos a celebrar as Janeiras, onde as cantigas são essencialmente de caracter religioso, mas num sentido popular e festivo, com o objetivo de desejar às pessoas de cada casa um bom ano.

    Não podemos contudo dissociar o cântico das Janeiras, com o estado de vida que se fazia sentir na época, onde utilizavam esta tradição como uma forma de obter alimento dos senhores abastados onde batiam à porta, cantando, sem se sentirem humilhadas, sem o medo de serem atacados pela procura de uma ajuda direta.

    Por isso, ainda hoje as Janeiras acabam por ter um duplo sentido. Se por um lado se entoam as boas novas, e se deseja um bom ano, por outro procura-se apelo, pretendendo receber uma dádiva.

    Habitualmente, as Janeiras fazem-se em tom de improvisação onde num segundo são feitas quadras sobre os donos das casas, usando por vezes os seus nomes para que se note a quem pretende agradar, e quando que acompanhados por um amigo, ou um outro familiar, eram também brindados com uns versos sobre a sua pessoa, como que pedindo também uma certa ajuda, mesmo que não em sua casa.

“A senhora desta casa

Está sentada num banquinho

Venha o prato das filhoses 

E o garrafão de Vinho”

Versos das Janeiras do Grupo ''Renascer'' de Areosa

    

 

 

 

 

 

 

 

    Após o grupo se reunir à entrada da casa e cantar as Janeiras, esperam para que os donos da casa em questão os convidem a entrar, ou então que os venham agradecer com essencialmente nozes, maças, chouriço. Devemos contudo lembrar que em certas famílias a comida que sobrava da passagem de ano, eram guardadas e entregues nesse momento.

    Contudo, quando se entoavam as cantigas, mas não obtinham resposta por parte dos donos, o povo em tom de critica dizia:

 ‘’Olha o barata, olha o baratinha

Olha o barata, que não nos deu a massinha’’

O Cantar das Janeiras

Viva lá Senhora Maria

Raminho de bem querer

Quando passa na rua,

As pedrinhas faz tremer.

Quadra Popular

Viva lá Sr José,

Casaquinho de botão,

Puxe lá da sua carteira,

Bote cá meio tostão.

Quadra Popular

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