
Conceitos
É nesta vertente que queremos transmitir muitos pontos por vezes desconhecidos ou ignorados por não se dar a devida carga de importância. Por esses mesmos argumentos queremos demonstrar alguns conceitos que são utilizados de forma incorreta, e mostrar o seu verdadeiro significado com a devida busca de informações. De certo modo queremos tornar os leitores mais cultos em relação ao dicionário etnográfico e folclórico.
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Globalização
Entenda-se por Globalização um conjunto de transformações, desde o final do seculo XX. Ou seja trata-se de um conceito que encontra pontos em comum na vertente cultural e social (entre outras vertentes), que torna todo o mundo, isto num contexto mais geral, interligado.
Inovações como a telecomunicação ou a informática tornou o mundo mais global e através disso é possível uma maior recolha de informações através dos imigrantes, por exemplo. Ou seja a informação tornou-se deste modo mais global, capaz de atravessar fronteiras e assim existir uma forte abrangência de informação sobre a cultura de outros países.
Cultura
Poderemos dizer que cultura tudo o que podemos chamar de ‘’conhecimento’’, seja o conhecimento sobre arte, sobre lendas, crenças, entre outros tipos -, ou seja o conhecimento do ser humano sobre os diversos setores onde a sociedade se insere, e não só o conhecimento apreendido em casa.
A cultura é um conceito amplo e diversificado, derivando de país para país e ao mesmo tempo de região, em certas vertentes, como se torna claro ao observar a cultura do Litoral com a própria cultura no Minho.
Segundo a Sociologia e num contexto um pouco linear, define-se cultura como sendo um conjunto de ideias, comportamento, práticas sociais, apreendidos na sociedade.
Existindo vários subtemas dentro do tema ‘’Cultura’’, podemos considerar a cultura popular, onde é criada pelo próprio povo e onde este participa de forma ativa na sua criação, ou seja, o povo cria conceitos passando os mesmos de geração em geração retratando certo momento. Dando um exemplo mais concreto que de certa forma pode exemplificar melhorar, foi pela cultura popular acerca da dança, que hoje o folclore existe e tem como base, uma vez que o trabalho do povo consistiu em ensinar e apreender como os antigos faziam os passos em si, para os ir mostrando mais tarde.
Tradição
Falando de cultura popular, falamos também do termo tradição. Pois este termo significa uma entrega, ou seja, a transmissão de costumes, comportamentos, crenças, lendas, para a sociedade, sendo que esses mesmos ensinamentos fazem parte da cultura.
A tradição demora bastante tempo até ganhar este peso terminológico, ou seja, só depois de repetido durante vários anos é que ganha essa mesma consistência, temos o exemplo de celebrações e festas religiosas.
Etnografia
No âmbito da etnografia, a tradição revela um conjunto de costumes, crenças, práticas, doutrinas, leis, que são transmitidos de geração em geração e que permitem a continuidade de uma cultura ou de um sistema social.
Este tema é muitas vezes associado aos antropólogos, uma vez que os mesmos procuram descrever os costumes e tradições de uma determinada cultura, mas também as suas práticas, crenças e mitos, para deste modo conseguir conhecer a identidade de uma comunidade no seu contexto mais sociocultural.
Podemos deste modo explicar o traje utilizar pelos Sargaceiros da Apúlia, onde o seu trabalho era no mar, por exemplo na pesca, e neste caso precisavam de conseguir manobrar bem o seu corpo e ao mesmo tempo tornava-se prático não molharem a sua roupa, como não ter frio, daí o tipo de tecido que é utilizado, como a explicação do tamanho do traje.
Folclore
Folclore é o conjunto de tradições e manifestações populares constituído por lendas, mitos, provérbios, danças e costumes que são passados de geração em geração, tendo a palavra um contexto associado, ou seja, significa também a sabedoria popular, a sabedoria de um determinado povo.
O folclore simboliza a cultura popular e apresenta grande importância na identidade de um povo, de uma nação. Para não se perder a tradição folclórica, é importante que as manifestações culturais sejam transmitidas através das gerações.
O folclore é o produto da cultura de um país e por isso cada país tem elementos únicos de folclore A UNESCO é uma organização internacional que tenta salvaguardar o patrimônio cultural e sensibilizar o povo para a importância da herança folclórica e necessidade de preservação da cultura popular.
CIOFF
Mais conhecido por CIOFF, estamos a referir o Conselho Internacional das Organizações de Festivais de Folclore, ou seja, um Festival que incorpora outro tipo de folclore conforme os países internacionais elegidos para tal.
Este festival tão importante é sem qualquer fim lucrativo, reconhecido pela Unesco que pretende acompanhar a fidelidade do mesmo, assim como a sua transmissão quer pela dança, cantar ou tocar.
Nascido a 1970, conta com cerca de 250 Festivais Internacionais, sendo que de 4 em 4 anos realizam ‘’Folkloriada Mundial’’.
Etnologia vs Etnografia
Como foi explicado anteriormente, a etnografia visa descrever as sociedades humanas em décadas anteriores, ou seja inserir-nos de certa forma no meio que os antigos que se pretende descrever ao ponto de compreender como se inseriam no seu meio envolvente. No caso da etnografia existe uma pesquisa para averiguar quais os seus comportamentos, o modo como reagiam e onde se comportavam.
No caso da etnologia, que podemos considerar como sendo um trabalho que se realiza após o trabalho etnográfico, interpretam os dados fornecidos, produzindo uma linha de conhecimento acerca da sociedade humana com os seus processos culturais.
Ou seja, os dois conceitos fundem-se, contudo têm um trabalho totalmente distinto (pesquisa e tratamento de dados), não podendo considerar-se que sejam o mesmo conceitos, embora aliados.
Rancho Folclórico foi o primeiro nome dado para um grupo de pessoas que praticavam o folclore, com o passar do tempo modificou-se o nome e alterou-se então para Grupo Folclórico. É deste modo que podemos explicar que os grupos mais antigos sejam intitulados de "rancho".
Esta especificação assume uma certa responsabilidade, uma vez que ao ser tratado deste modo deverá constituir uma força que estará ao alcance do folclore com a sua própria investigação e defesa do seu património cultural.
Grupo Folclórico e Etnográfico – Ao ser deste modo especificado, além das funções anteriormente referidas, que um grupo folclórico deve ter, devemos ainda acrescentar que assume também a importância ao nível das manifestações culturais de uma determinada região e local.
Ser Minhoto é...
"Não somos diferentes, somos únicos. Não somos como os restantes recantos do país, não temos uma linguagem cuidada nem a postura correta, compreendemo-nos de forma diferente e somos genuínos, felizes, sem medos de mostrar o que somos. Somos minhotos, temos orgulho e queremos demonstrá-lo.
Ser minhoto é tentar dizer o maior número de “caralhos” possíveis numa frase. Ser minhoto é ser genuíno a cada palavrão que sai da boca. Ser minhoto é ser labrego e estar-se a lixar para aquilo que os outros pensem da labreguês.
Ser minhoto é dizer “anda conós” e “esperai-de”, “antromilho” e “balado”. É falar que vamos à “benda” quando todo um país diz que vai à mercearia. Desde a “retunda”, o “stander” até á “cambra dar do peneu da biceclete”, é falar à nossa maneira, onde só nós a entendemos (porque mais nenhuma região deste pequeno Portugal refere a “sofagem” e as “borronas” para os canalhos pintarem). É pedir um “fox” para nos “alumiar” o caminho e falar que aquele carro é um “chaço”. Ser minhoto é dizer vinte vezes ao dia “Vais levar uma lapada…” e falar que o monte está infestado de “clipes”. Ser minhoto é ser diferente, é ter uma linguagem só nossa.
Ser minhoto é gostar do nosso vinho e da nossa comida, é ter orgulho naquilo que é nosso.
Ser minhoto é saber receber quem nos visita, mesmo sendo desconhecido. É estar sempre de sorriso aberto para todos aqueles que nos querem conhecer. É não deixar ninguém de lado. Ser minhoto é ajudar o vizinho a correr atrás das cabras quando elas fogem do campo, é rir o mais alto que se consegue enquanto se bebe umas copadas de vinho.
Ser minhoto é não nos deixarmos rebaixar por ninguém, é andar de cabeça erguida. Ser minhoto é andar apressado e desleixado, mas ao mesmo tempo ser feliz. Ser minhoto é ter paixão à nossa terra e mandar “à merda” aqueles que do Minho falam mal.
Ser minhoto é passar a tarde no café a jogar sueca com uma grade de minis ao lado da mesa. Ser minhoto é gostar do bom presunto e do sarrabulho, é ter paladar apurado para aquilo que é tão nosso e característico. É ter um fígado resistente e um metabolismo capaz de converter o álcool em boa disposição e cantorias intermináveis.
Ser minhoto é contar os dias que faltam para as Festas da Nossa Senhora da Agonia e para as Feiras Novas, comemorando todas as semanas de qualquer maneira enquanto não chegam. E, na hora da verdade, é vivê-las como se não houvesse amanhã, é senti-las na pele, noite adentro.
Ser minhoto é chegar ao final do dia e, depois de por comida aos animais, agradecer tudo aquilo que acontece, é não desistir perante a primeira dificuldade e não ter vergonha de pedir à aldeia inteira um pouco de ajuda. Ser minhoto é ser fiel às suas raízes e mostrar que não temos vergonha delas."
Da autoria de: Tânia Lima, João Rodrigues e Sara Ferreira
Fonte: http://ummurronamesa.ptblogs.com/2016/01/ser-minhoto-e/
Ser vianense é...
"Sou de Viana, vianense até ao tutano, nascido no genuíno hospital de Santa Luzia, antes de lhe darem um nome pomposo. Normalmente, respondemos que somos nortenhos, do verdadeiro norte, mas frisando sempre que somos vianenses. Não gostamos de ser confundidos com o resto da raça do topo do país. Os meus avós nasceram nas aldeias mais remotas, daquelas onde o nome de cada ancião é prefixado com um sonoro “Ti”. Eles obrigam-nos a ir à missa, e a dar o beijinho à velhota bigodaças do banco de trás.
Sou vianense, cresci a brincar na rua, com volantes e espadas feitas em madeira pelo amigo carpinteiro. À falta de melhor, um pau de vassoura servia de arma contra adversários que enfrentava com os olhos da minha imaginação. Jogava futebol na estrada com os miúdos da minha rua, havendo sempre um que berrava quando os carros se aproximavam. Isto até descobrirmos que era mais interessante jogar ao bota fora no ringue do jardim D. Fernando, onde o golo era marcado com a batida da bola no poste de basket. Todas as da rua nos conheciam, e as sobreviventes ainda hoje nos pedem um beijinho quando vamos “à terra”.
Sou vianense, daqueles que desde pequenos iam para a escola a pé, e viviam afincadamente as rivalidades escolares. Exceptuando alguns casos híbridos, a avenida traçava a divisão do teu futuro, ou Monserrate ou Santa Maria Maior. Na ribeira sentes o tradicionalismo de uma cidade virada para o mar, mas quando és miúdo sabes que se não fizeres parte da família ribeirense, que deves andar lá com precaução.
Sou vianense, cumprimento as pessoas por quem passo na rua, e digo “com licença” quando a minha passada separa uma conversa. Somos ensinados a nos movimentarmos a pé para todo o lado. Sabemos que a meteorologia aponta assiduamente para frio e céu nublado, e que mesmo nos raros dias de calor abrasador a água na praia Norte está a uma temperatura aceitável para esquimós.
Sou vianense, sei que estacionar na rua só está ao alcance dos ciclistas, que é mais rápido conseguir uma bola do natário se nos sentarmos na sala, e que o cruzamento do topo da avenida, às cinco da tarde, se rege com base na lei do mais forte. Sou do tempo em que a Praça emprestava o seu nome ao mítico Manel, o seu mais nobre residente. Tentei contar os degraus do escadório mais que uma vez, mas nunca com sucesso. A vista de Santa Luzia é tão indescritível quanto a subida para o zimbório é imprópria para pessoas com mais de um metro e quarenta.
Sou vianense, daqueles que sabem que no verão Viana vira Paris. As ruas entopem de gente, a cidade torna-se mais ventosa com o embalo do dialecto imigrante. Se calha de chover, os parques ficam sem lugares, as estradas deixam de ser conduzíveis e o McDonald's do shopping esgota o stock de ketchup e McChicken. Mas é palpável a felicidade no rosto desta gente. Estão em Viana, estão na terra, estão em casa!
Sou vianense, e por isso mesmo sei que não existem festas como as da Agonia. Que no desfile da mordomia se encontram sempre caras conhecidas, e se aplaudirmos ruidosamente os bombos eles brindam-nos com uma salva ensurdecedora. Sei que a noite dos tapetes é sempre memorável, e que mesmo um ateu aprecia a procissão ao mar. Para um vianense, o fogo da ponte é sempre mais bonito que o das Feiras Novas, ainda que seja a mesma empresa a organizar. As festas da Senhora da Agonia são como o Natal: Quanto mais perto mais antecipadas. Quando acabam, deixam um tal sentimento banal de quotidiano que nos faz ponderar sobre o motivo de tamanha ansiedade. Parece que o próximo ano mora a uma década de distância, mas quando chegamos a Agosto tudo recomeça. Um ciclo saudavelmente vicioso.
E por falar em Natal, ser vianense é saber que a cidade é moldada para criar um ambiente colorido de magia pura. Que vale a pena perder a ponta do nariz ao enfrentar a brisa gelada para contemplar a decoração iluminada na Avenida. O Natal invade-nos os ouvidos quando passeamos pelo tapete vermelho que percorre a Manuel Espregueira, e o Pinheiro Grande é, indubitavelmente, um ponto de orgulho.
Sou vianense, daqueles para quem Viana se torna uma utopia para viver a longo prazo. Dois meses no verão equivalem à excitação inicial de ver aqueles que nunca vemos, e ao aborrecimento final da falta de movimento de uma cidade pacata. Para muitos, sair de Viana tem tanto de escolha como de necessidade. Mas na verdade, podemos sair da cidade mas nunca deixamos de ser vianenses. Quando o autocarro pisa a ponte nova e contemplamos Santa Luzia a reinar o horizonte, sabemos que a viagem valeu a pena. Podemos sair de Viana, mas nunca abandonar Viana. Sabemos que esta terra é um tesouro, um diálogo equilibrado entre terra e mar. Sabemos que Viana é sinónimo de casa!”
